quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Regurgite.



Escrever é enfiar o dedo na garganta.Depois,claro,você peneira essa gosma,amolda-a,transforma.Já diria meu tão admirado,Caio Fernando.

Devemos nos alimentar de lembranças,dores,alegrias extremas,prazeres...Devemos nos alimentar de intensas e deliciosas paixões e de pequenas coisas que podem ser grandes a ponto de renderem um bom livro.Remexer o passado e se focar nas fantasias mais inconfessáveis,nas vontades mais homicidas,nas memórias mais bonitas,nos tesões e nos fracassos.Principalmente,devemos encher a pança de palavras.Ler,ler e ler...Ler até enjoarmos de entender e,então,desejarmos nos fazer entendidos.Até precisarmos gritar um discurso político.Devemos estar tão fartos a ponto de precisarmos vomitar uma vida inteira,para depois peneirar a gosma." Ler é alimento de quem escreve".

Escrever,pra mim,é como Yoga.Exatamente como Yoga...Aquilo que a gente sempre pretende fazer,para relaxar,mas sempre deixa de lado,por ter um compromisso,supostamente,mais importante ( é,eu planejei,um semestre todo,frequentar as aulas de Yoga da minha academia e não fui,simplesmente,nenhuma vez).

Tagarelar com as mãos é mais inteligente do que com a voz,porque só lêem os que sentem vontade.Ninguém é obrigado a ler.Lê-se por interesse,ao passo que ouve-se por obrigação.Não se pode fechar os ouvidos como se fecham os olhos.

É fato que é possível tapar com os dedos,os ouvidos,o que soa bastante infantil.Ou mesmo,correr,trancar as portas e enfiar a cabeça por debaixo de um travesseiro,desta vez,bastante adolescente.Mas não é fácil se recusar a ouvir,enquanto a ler,é corriqueiro.É isso,um dos motivos mais plausíveis para a existência da minha paixão por esse ato nobre,que,entre os animais,só nós,os homo sapiens sapiens,temos a sorte de possuir.
Escrever é uma reflexão,e reflexões profundas me tranquilizam,quase me entorpecem.Inunda meu sangue de endorfina.