terça-feira, 28 de abril de 2009


Não estamos mais protegidos da chuva. Não existe um encaixe posicional dos corpos, não existe boa vontade mútua e nem ritmicidade nos passos para que possamos dividir o guarda-chuva que agora é pequeno, quebrado e bem menos eficiente.
Não existe mais harmonia naquela canção. Naquele nosso dueto que antes era perfeito, sincrônico, muito afinado. As cordas do velho violão estão arrebentadas e nossas cordas vocais, cheias de calos. Talvez tenhamos desaprendido a melodia, quem sabe? Estranho é gostar tanto dessa cantoria, mesmo que desafinada. Estranho é ter certeza de que o público irá desaprovar e, ainda assim, ter a coragem de cantar. Expor o corpo e a alma às mais intimidantes vaias, e, ainda assim, cantar.
Estranho como os versos, esquecidos e entocados na gaveta, empoeirada e cheia de mofo ,ainda são capazes de me arrepiar os pelos...