quinta-feira, 10 de julho de 2008

Fumaça.


E rebolava, lentamente, com movimentos suaves e sensuais, lentos, deliciantes e, ligeiramente pélvicos, visualmente favorecidos pela penumbra provocante daquele quarto de carpete vermelho, espelhos no teto e cortinas rendadas, por onde entrava a luz serena da noite azul de lua cheia, lá fora. Ela cheirava à cravo e canela.
Silêncio. Silenciava sempre sobressaltada, a delicada e cheirosa residente da caixinha de madeira,cheia de buracos. Escapava por entre as frestas daquela prisão quente e, aparentemente sufocante,estranhamente embriagada, porém estonteante, sedutora. Sempre sensual.
Ela subia ligeira, em brasa e em seguida empalidecia e se deixava levar preguiçosa, por entre as frestas. Subia e descia, jogava os quadris de um lado para o outro, enovelando-se e perdendo-se nas próprias curvas. Belas curvas...
Simplesmente, então, parecia perder as forças e parar. Ela não conseguia mais se espremer por entre as frestas,e havia perdido um pouco do seu gingado.
Ouviu-se um estalar arranhado,na caixa de fósforos e uma chama se encontrou com mais um incenso de canela.Um ruído agudo se ouviu, proveniente das dobradiças da caixinha velha de incensos se abrindo e, em seguida, fechando-se... E novamente a fumaça, sexy e ardente,começou a rebolar pelo ar.






Por Marilia.