quarta-feira, 3 de junho de 2009

Submissão autoritária

Me faz pequena, me cobre a alma, me envolve em teu calor.
Me alivia, me beija a boca,
Decifra meu humor.
Me despe com um olhar, descobre meus segredos.
Acaba com os meus medos que escapam entre meus dedos e protege-me da dor.
Me cala a boca agora, me deixa taquicárdica.
Me faz arder o peito de saudade e mais saudade. Saudosismo, solidão.
Me faz sentir teu cheiro, mesmo de muito longe.
Me leva como um monge, que se isola desse mundo e decifra a imensidão.
Me faz bonita, me salva a vida, me ama com fervor.
Me arrepia a alma.
Me decifra com a leveza veloz de um beija-flor.
Me carrega no colo, penteia meus cabelos,
Me arrepia os pêlos.
Me devora por inteiro.
Me permite ser amor.

terça-feira, 28 de abril de 2009


Não estamos mais protegidos da chuva. Não existe um encaixe posicional dos corpos, não existe boa vontade mútua e nem ritmicidade nos passos para que possamos dividir o guarda-chuva que agora é pequeno, quebrado e bem menos eficiente.
Não existe mais harmonia naquela canção. Naquele nosso dueto que antes era perfeito, sincrônico, muito afinado. As cordas do velho violão estão arrebentadas e nossas cordas vocais, cheias de calos. Talvez tenhamos desaprendido a melodia, quem sabe? Estranho é gostar tanto dessa cantoria, mesmo que desafinada. Estranho é ter certeza de que o público irá desaprovar e, ainda assim, ter a coragem de cantar. Expor o corpo e a alma às mais intimidantes vaias, e, ainda assim, cantar.
Estranho como os versos, esquecidos e entocados na gaveta, empoeirada e cheia de mofo ,ainda são capazes de me arrepiar os pelos...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Regurgite.



Escrever é enfiar o dedo na garganta.Depois,claro,você peneira essa gosma,amolda-a,transforma.Já diria meu tão admirado,Caio Fernando.

Devemos nos alimentar de lembranças,dores,alegrias extremas,prazeres...Devemos nos alimentar de intensas e deliciosas paixões e de pequenas coisas que podem ser grandes a ponto de renderem um bom livro.Remexer o passado e se focar nas fantasias mais inconfessáveis,nas vontades mais homicidas,nas memórias mais bonitas,nos tesões e nos fracassos.Principalmente,devemos encher a pança de palavras.Ler,ler e ler...Ler até enjoarmos de entender e,então,desejarmos nos fazer entendidos.Até precisarmos gritar um discurso político.Devemos estar tão fartos a ponto de precisarmos vomitar uma vida inteira,para depois peneirar a gosma." Ler é alimento de quem escreve".

Escrever,pra mim,é como Yoga.Exatamente como Yoga...Aquilo que a gente sempre pretende fazer,para relaxar,mas sempre deixa de lado,por ter um compromisso,supostamente,mais importante ( é,eu planejei,um semestre todo,frequentar as aulas de Yoga da minha academia e não fui,simplesmente,nenhuma vez).

Tagarelar com as mãos é mais inteligente do que com a voz,porque só lêem os que sentem vontade.Ninguém é obrigado a ler.Lê-se por interesse,ao passo que ouve-se por obrigação.Não se pode fechar os ouvidos como se fecham os olhos.

É fato que é possível tapar com os dedos,os ouvidos,o que soa bastante infantil.Ou mesmo,correr,trancar as portas e enfiar a cabeça por debaixo de um travesseiro,desta vez,bastante adolescente.Mas não é fácil se recusar a ouvir,enquanto a ler,é corriqueiro.É isso,um dos motivos mais plausíveis para a existência da minha paixão por esse ato nobre,que,entre os animais,só nós,os homo sapiens sapiens,temos a sorte de possuir.
Escrever é uma reflexão,e reflexões profundas me tranquilizam,quase me entorpecem.Inunda meu sangue de endorfina.


quinta-feira, 10 de julho de 2008

Fumaça.


E rebolava, lentamente, com movimentos suaves e sensuais, lentos, deliciantes e, ligeiramente pélvicos, visualmente favorecidos pela penumbra provocante daquele quarto de carpete vermelho, espelhos no teto e cortinas rendadas, por onde entrava a luz serena da noite azul de lua cheia, lá fora. Ela cheirava à cravo e canela.
Silêncio. Silenciava sempre sobressaltada, a delicada e cheirosa residente da caixinha de madeira,cheia de buracos. Escapava por entre as frestas daquela prisão quente e, aparentemente sufocante,estranhamente embriagada, porém estonteante, sedutora. Sempre sensual.
Ela subia ligeira, em brasa e em seguida empalidecia e se deixava levar preguiçosa, por entre as frestas. Subia e descia, jogava os quadris de um lado para o outro, enovelando-se e perdendo-se nas próprias curvas. Belas curvas...
Simplesmente, então, parecia perder as forças e parar. Ela não conseguia mais se espremer por entre as frestas,e havia perdido um pouco do seu gingado.
Ouviu-se um estalar arranhado,na caixa de fósforos e uma chama se encontrou com mais um incenso de canela.Um ruído agudo se ouviu, proveniente das dobradiças da caixinha velha de incensos se abrindo e, em seguida, fechando-se... E novamente a fumaça, sexy e ardente,começou a rebolar pelo ar.






Por Marilia.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Insônia.




Toc,toc - Ouviu-se o som de passos firmes,seguido de um ruído preguiçoso,de porta se abrindo.




_ Bom dia! Digo...boa noite! O sono está?


_ Não,ele seguiu viagem há uma semana e não tem data para voltar.


_ E...ele não deixou recado e nem telefone pra contato?


_ Ah,não,minha senhora.Resolveu sumir do mapa mesmo.Tirar umas férias no Alasca,ou,talvez,fazer um cruzeiro pelas ilhas do Caribe.Não se sabe ao certo.

...
- mistério.

sexta-feira, 14 de março de 2008

tic - tac.


Nervos à flor da pele. Unhas roídas, pernas inquietas, coração rasgando o peito. Esperar,esperar,sofrer,sorrir. Ouvir música e sentir saudades...Saudade de tudo isso,sabe? Eu sou romântica incurável. Eu gosto de estar apaixonada,mesmo sem saber por quem. Adoro chorar vendo filme, ler romances, saber das histórias mirabolantes dos casais mais apaixonados, mesmo se eu nem estiver apaixonada por alguém em especial. Costumava resumir,as vezes,essa minha nóia esquisita em falta do que fazer. Deve ser a mesma nóia que os compositores tem quando fazem as suas músicas mais bonitas...Uma inspiração que as pessoas só encontram na tranqüilidade, quando tem tempo para saborear um tédio gostoso. Esse tempo eu não tenho mais.

Uma das coisas que tem me entristecido, atualmente, é a falta de tempo. Não tenho tempo nenhum para me hospedar no meu mundo preferido, o da lua. Eu sei, são os males do ofício. Minha falta de tempo me traz também enormes alegrias. Fico muito satisfeita com tudo o que aprendo na faculdade e nas minhas horas e horas debruçada em livros de terceiro grau. Com o passar dos anos o tempo encurta. É por isso que não se deve perder tempo. Quero viver,viver e viver cada vez mais,porque amanhã...nunca se sabe.

-tuuuu,tuuuuuu....
_Alô,o tempo por favor? ah,não se encontra? diga que mandei lembranças...obrigada.
- tu,tu,tu,tu.


terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

cumpleaños


- Reflexão.



Dezoito adoráveis dúzias de meses. Nem sempre tão adoráveis assim,porém muitas vezes alegres temporadas.É incrível como esses vários e vários meses passaram como dias,piscares de olhos. Dezoito anos parecia a coisa mais distante desse mundo quando eu era uma mocinha de meros onze ou doze,que assistia "malhação" e achava que seria uma mulher feita aos quinze,como as atrizes da série - que na maioria das vezes,faziam papel de mocinhas de quinze anos quando,na verdade tinham vinte e muitos- como a Samara Filipo,Priscila Fantin e outras deste naipe.

Responsabilidade civil,como diz o meu sábio e figuraça pai.

É,é chegada a hora.

Parabéns para mim. - por ontem.